Brasília – A
criminalidade cresce de maneira alarmante no interior do Brasil. A
pequisa Mapa da Violência 2011, divulgada pelo Ministério da Justiça,
aponta que entre 1998 e 2008 a taxa de homicídios no interior aumentou
38,6%, enquanto as capitais e regiões metropolitanas reduziram seus
índices em 24,6%.
De
acordo com o estudo, houve deslocamento dos polos da violência para os
locais com menor presença do Estado na área de segurança pública. Isso
demonstra a falta de políticas específicas para combater a criminalidade
em municípios de médio e pequeno porte.
O
Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci), principal ação
do governo federal na área, atende apenas os grandes centros urbanos e
municípios com mais de 200 mil habitantes. Os governos dos estados, aos
quais cabe constitucionalmente estabelecer e executar as políticas de
segurança pública, também não têm ações sistemáticas para conter a
criminalidade e a violência nessas localidades.
A
interiorização da violência indica que é o interior que assume a
responsabilidade pelo crescimento das taxas de homicídios e não mais as
capitais ou regiões metropolitanas. “É inegável que essa situação de
equilíbrio instável vai exigir esforços redobrados dos governos e da
sociedade civil para interiorizar e espalhar as políticas de contenção e
enfrentamento da violência”, diz a pesquisa.
De
acordo com a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
(CESeC), Silvia Ramos, o processo de migração da violência começou das
capitais para os municípios das regiões metropolitanas e depois para o
interior. “Hoje, a violência migrou para os chamados municípios de médio
porte. Aquela cidade com 50 mil habitantes, que era um lugar onde todo
mundo dormia de portas e janelas abertas ou ficava na pracinha até de
noite tocando violão.”
Fatores
como tráfico de drogas, comércio clandestino de armas e policiamento
precário contribuíram para o aumento das taxas de homicídio no interior
do país, segundo Silvia. “Essas cidades adotaram uma cultura de
violência. Aquela cidadezinha [pacata] passou a ser um local onde todo
mundo está se entupindo de grades.”
Além
da interiorização da violência, a pesquisa também destaca a
concentração da criminalidade em certas áreas urbanas, como favelas e
zonas periféricas. Para Silvia, isso reflete o surgimento de uma nova
variável explicativa para o crescimento da violência: a geografia
urbana.
“Antigamente,
costumava-se imaginar que renda, gênero, raça e escolaridade eram
variáveis explicativas importantes para entender taxa de homicídio.
Embora tudo isso seja verdade, apareceu uma nova, que é a variável do
local de moradia.”
De
acordo com a coordenadora, as políticas públicas não estão preparadas
para intervir de forma integrada nesses territórios. “Temos de melhorar
as respostas na área de segurança pública. Para que a criminalidade seja
reduzida, temos, em primeiro lugar, que ter policiais comunitários e,
ao mesmo tempo, investir na melhoria [infraestrutura e ações sociais]
dessas áreas.”
Da Agencia Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
É importante salientar, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente expressam a opinião do blog DESPERTA CAAPORÃ.