Brasília - Ao comemorar 51 anos, a capital federal vai além das duas
asas de avião que compõem o projeto inicial do urbanista Lúcio Costa.
Se, no papel, a cidade tem como foco o Plano Piloto, na prática, regiões
administrativas como Taguatinga, Ceilândia e o Núcleo Bandeirante
registram economia forte, população numerosa e contribuem para o retrato
de Brasília.
Para o diretor de Gestão de Informações da Companhia de Planejamento do
Distrito Federal (Codeplan), Júlio Miragaya, o planejamento da capital
deveria passar a ser feito com base em uma espécie de região
metropolitana – como ocorre em São Paulo e Belo Horizonte.
“O aniversário de 51 anos é do conjunto. O conceito que cada vez mais
vai se consolidando é o de Brasília como área metropolitana. E existem
motivos de comemoração – a Região Centro-Oeste tem apresentado
crescimento acima da média nacional, com PIB [Produto Interno Bruto] 20%
superior a média nacional”, concluiu o diretor.
Além das demais regiões administrativas do Distrito Federal, ele
acredita que até mesmo o Entorno, formado por cidades goianas, seja
incluído no planejamento da capital.
Dados da Codeplan indicam que Brasília, enquanto Plano Piloto, registra
300 mil habitantes. Já o Distrito Federal totaliza 2,6 milhões de
moradores. Acrescentada a população de cidades como Santo Antônio do
Descoberto (GO) e Luziânia (GO), integradas de forma direta à capital, o
total de habitantes passaria para 3,6 milhões.
“A centralidade em Brasília se dá em razão da oportunidade de emprego,
do setor público. Isso acaba gerando um destaque muito grande. Boa parte
do fluxo viário tem esse desenho – de manhã, direcionado para o Plano
Piloto e, no final do dia, saindo do Plano Piloto”, explicou Miragaya.
Segundo ele, todas as regiões administrativas juntas oferecem menos de
um terço dos postos de trabalho disponíveis em todo o Distrito Federal.
No Riacho Fundo, por exemplo, apenas 26% dos habitantes trabalham onde
moram.
Para o professor de geografia da Universidade de Brasília Aldo Paviani,
Brasília não seria o que é hoje sem o desenvolvimento das regiões
administrativas. “Elas são um complemento importante para todo o mister
de capital da República e de metrópole do Centro-Oeste.”
No entanto, ele destaca que apesar de algumas cidades, como Taguatinga e
o Núcleo Bandeirante, terem uma economia mais desenvolvida e
independente, há outras que só se mantém por causa do Plano Piloto.
"Essas cidades retêm pouca população ativa em suas próprias atividades e
daí a dependência enorme em relação ao Plano Piloto, que detém entre
60% e 70% das oportunidades de trabalho de todo o DF."
AB
Edição: Talita Cavalcante
Nenhum comentário:
Postar um comentário
É importante salientar, que as opiniões expostas neste espaço, não necessariamente expressam a opinião do blog DESPERTA CAAPORÃ.