ex-ministra Marina da Silva |
São Paulo – Integrantes de 97 organizações da sociedade civil,
movimentos sociais, parlamentares e ex-ministros participaram hoje (5),
na capital paulista, do lançamento do Comitê Paulista em Defesa das
Florestas e do Desenvolvimento Sustentável Contra o Projeto de Lei
Complementar 30/2011, que altera o Código Florestal Brasileiro. Também
foi lançado um abaixo-assinado contra o projeto do novo código.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva disse que o comitê dá a
oportunidade de as pessoas saírem do papel de observadoras e para passar
a agir. Ela citou uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em
junho, que constatou que 79% da população têm posição contrária ao texto
do senador Aldo Rebelo (PCdoB-SP), relator do projeto. “Espero,
sinceramente, que consigamos mobilizar as pessoas para que elas deem
sustentabilidade política aos 81 senadores. Eles podem fazer uma
atualização do Código Florestal à altura das necessidades do Brasil”.
João Paulo Rodrigues, representante do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), disse que o momento é propício não só para fazer
o debate sobre as mudanças no Código Florestal como para incluir outros
segmentos na discussão. “Nós, do campo, pequenos agricultores, não
fomos consultados. A referência de agricultura que foi consultada é a do
grande agronegócio que tem como principal base a monocultura, o uso
demasiado de agrotóxicos e, acima de tudo, a depredação do meio
ambiente”.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) enfatizou que o novo Código
Florestal atenta contra o interesse coletivo nacional. “O que está em
jogo nessa proposta não é um problema só ambiental ou agrícola. Está em
jogo a vantagem comparativa de uma nação e um processo histórico que
conservou grande parte de sua biodiversidade, florestas, água e solo e
que pode ser uma potência. Está em jogo também o modelo agrícola e
agrário”.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero lembrou que o Código Florestal
pode trazer ainda consequências internacionais ao país, como a
repercussão negativa da aprovação do texto na Rio+20 - Conferência das
Nações Unidas em Desenvolvimento Sustentável. “Isso não se limita a uma
questão só de de imagem ou do fracasso anunciado de uma conferência. É
que existem compromissos inúmeros que o Brasil assumiu em fóruns
internacionais que podem se tornar inviáveis caso determinadas mudanças
incluídas no projeto da Câmara sejam consagradas no texto final”,
alertou. O abaixo-assinado lançado hoje está disponível na internet.
Repórter da Agência Brasil
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