terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Cássio revela que ex-auxiliares passaram a evitá-lo após cassação



O ex-governador da Paraíba e candidato mais votado para o Senado evitou comentar a tese defendida pelo vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia (PSDB), de apoio à reeleição de Luciano Agra (PSB), prefeito de João Pessoa. Em entrevista concedida ao programa Conexão Master, da TV Master, O tucano disse que a discussão sobre o pleito de 2012 é precipitada e evitou tomar partido na crise deflagrada entre o senador e o vice-governador:
- Não há como precipitar um calendário. Haverá um debate profundo no PSDB, mas não existe essa tese de que eu teria que sair do PSDB porque não teria convivência com Cícero. Não existe isso. O que Cícero fez foi uma opção política dentro da autonomia e liberdade dele. Ele tem massa cinzenta e livre arbítrio. Da mesma forma, Rômulo Gouveia está exercendo seu livre arbítrio. Eu nunca vou pegar balde de gasolina para jogar nessa fogueira. Entendo que Rômulo tenha mágoas. Isso é humano, mas não é político.
Mesmo tentando se esquivar de opinar sobre a tendência dos tucanos em relação à disputa municipal da capital em 2012, Cássio admitiu a possibilidade de seu partido lançar candidato contra Luciano Agra nas próximas eleições municipais:
- Acho que sim. Será um debate muito parecido com o que houve na eleição estadual. Filiados ao PSDB vão defender candidatura própria e outros defendendo o apoio a Luciano Agra. Rômulo já disse o que pensa, mas isso não é o que pensa ainda o partido. Mas, é um desserviço pensar nesse debate. É uma ingenuidade política fazer isso. Nós políticos não podemos ser pautados pelo que está no interesse da mídia. Às vezes, é preciso ser preservar de determinados temas para fazer a grande política. Não posso, como senador eleito, estimular uma discussão num partido que já está dividido. Meu papel é atuar noutra direção, para emendar os cacos.
Cássio emendou que não há acordo celebrado para as eleições municipais e refutou a tese de que estaria acertado uma espécie de pacto de cavalheiros segundo o qual Ricardo Coutinho (PSB) não interferiria na eleição municipal de Campina Grande e que ele não opinaria no pleito da capital paraibana.
- É ledo êngano pensar que alguém é dono de voto. Cada eleição é uma eleição e tem suas peculiaridades. Ninguém é dono de voto de ninguém. Eu vou estar com os ouvidos atentos para ouvir para onde a cidade quer ir. Minha seara, minha cidadela e minha Pasárgada é Campina Grande, que hoje tem uma pendência sob o aspecto judicial que é decisiva. O prefeito está cassado e governa sob liminar. Isso ensejaria a chegada de Rômulo Gouveia e ele teria a condição de disputar a reeleição.
Indagado sobre a possibilidade do filho mais velho, Diogo, ser candidato no caso de Rômulo não assumir a prefeitura, ele voltou a dizer:
- Se depender de um conselho meu, ele não vai disputar. Se ele chegar e disser que quer ser candidato, não vou dizer que não. Pelo que eu conheço dele, ele não manifesta esse desejo. Ele se formou em Administração e está no segundo MBA. Ele está investindo em alguns projetos empresariais. Não acho que seja uma opção para a vida dele. Eu estou muito sofrido. Quando me perguntaram se eu pensei em deixar a política, pensei centenas de vezes. Se for depender do meu estímulo, ele não será candidato.
Quando o tema chegou a esse sentimento pessoal, o senador foi perguntado se já tinha chorado por causa de suas pendências jurídicas:
- Eu já chorei em casa, em oração... ontem mesmo eu me emocionei muito vendo televisão. Zeca Baleiro tem uma música que diz que ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar. Eu vi uma cena de um casal brasileiro que adotou uma criança com paralisia cerebral. A criança havia sido rejeitada pelos pais biológicos. Foi um gesto de tanta grandeza! Eles adotaram, o que já é notável, e escolheram uma criança com paralisia cerebral.
Ainda falando sobre sua experiência pessoal pós cassação, ele revelou uma mágoa:
- De um período muito curto para outro, eu era tratado como governador de um Estado e logo depois eu perdi o mandato e auxiliares muito próximos meus passaram a me negar um cumprimento. De certa forma, você estava ali e era tratado como um leproso. Vou dar o benefício da dúvida. Ele pode não ter me visto, mas como se fica meio traumatizado, a sensação que tive é que ele se negou a me cumprimentar. Meu pai contava isso porque ele também sofreu uma cassação injusta. Ele, que era prefeito de Campina Grande e um dia depois de ser cassado, caminhando nas imediações da Solon de Lucena, passou um mais provocativo e disse que ele estava andando a pé e que não tinha mais carro. Meu tio comprou um Fusca para ele e disse para ele usar para não ouvir mais piadas.
Assembleia - Cássio Cunha Lima também foi perguntado sobre quem seria seu candidato a presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba. Ele respondeu que não teria tido ingerência na escolha dos gestores do legislativo desde o tempo em que era governador.
- Eu conversava, mas nunca promovi intervenção direta. A própria Casa encontrou um consenso. Agora, fora do governo, é que não é recomendável opinar. Quem me pede orientação, pede da boca para fora. Pede para se proteger. A verdade é que existe um truque na política de dizer: Converse com fulano, que ele resolve. Mas, não é assim. A Assembleia tem um colegiado próprio e só quem vota são os deputados. Eu não vou meter minha colher. Acho que a postulação de Ricardo Marcelo é legítima. Conversei com Lindolfo Pires e haveria uma convergência em torno dele. No quadro atual, ou teremos consenso ou a disputa entre Ricardo Marcelo e Lindolfo Pires. Acho que a melhor solução seria o consenso...


Do ParlamentoPB

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