
O ex-governador da Paraíba e candidato mais votado para o Senado
evitou comentar a tese defendida pelo vice-governador da Paraíba, Rômulo
Gouveia (PSDB), de apoio à reeleição de Luciano Agra (PSB), prefeito de
João Pessoa. Em entrevista concedida ao programa Conexão Master, da TV
Master, O tucano disse que a discussão sobre o pleito de 2012 é
precipitada e evitou tomar partido na crise deflagrada entre o senador e
o vice-governador:
- Não há como precipitar um calendário. Haverá um debate profundo no
PSDB, mas não existe essa tese de que eu teria que sair do PSDB porque
não teria convivência com Cícero. Não existe isso. O que Cícero fez foi
uma opção política dentro da autonomia e liberdade dele. Ele tem massa
cinzenta e livre arbítrio. Da mesma forma, Rômulo Gouveia está exercendo
seu livre arbítrio. Eu nunca vou pegar balde de gasolina para jogar
nessa fogueira. Entendo que Rômulo tenha mágoas. Isso é humano, mas não é
político.
Mesmo tentando se esquivar de opinar sobre a tendência dos tucanos em
relação à disputa municipal da capital em 2012, Cássio admitiu a
possibilidade de seu partido lançar candidato contra Luciano Agra nas
próximas eleições municipais:
- Acho que sim. Será um debate muito parecido com o que houve na
eleição estadual. Filiados ao PSDB vão defender candidatura própria e
outros defendendo o apoio a Luciano Agra. Rômulo já disse o que pensa,
mas isso não é o que pensa ainda o partido. Mas, é um desserviço pensar
nesse debate. É uma ingenuidade política fazer isso. Nós políticos não
podemos ser pautados pelo que está no interesse da mídia. Às vezes, é
preciso ser preservar de determinados temas para fazer a grande
política. Não posso, como senador eleito, estimular uma discussão num
partido que já está dividido. Meu papel é atuar noutra direção, para
emendar os cacos.
Cássio emendou que não há acordo celebrado para as eleições
municipais e refutou a tese de que estaria acertado uma espécie de pacto
de cavalheiros segundo o qual Ricardo Coutinho (PSB) não interferiria
na eleição municipal de Campina Grande e que ele não opinaria no pleito
da capital paraibana.
- É ledo êngano pensar que alguém é dono de voto. Cada eleição é uma
eleição e tem suas peculiaridades. Ninguém é dono de voto de ninguém. Eu
vou estar com os ouvidos atentos para ouvir para onde a cidade quer ir.
Minha seara, minha cidadela e minha Pasárgada é Campina Grande, que
hoje tem uma pendência sob o aspecto judicial que é decisiva. O prefeito
está cassado e governa sob liminar. Isso ensejaria a chegada de Rômulo
Gouveia e ele teria a condição de disputar a reeleição.
Indagado sobre a possibilidade do filho mais velho, Diogo, ser
candidato no caso de Rômulo não assumir a prefeitura, ele voltou a
dizer:
- Se depender de um conselho meu, ele não vai disputar. Se ele chegar
e disser que quer ser candidato, não vou dizer que não. Pelo que eu
conheço dele, ele não manifesta esse desejo. Ele se formou em
Administração e está no segundo MBA. Ele está investindo em alguns
projetos empresariais. Não acho que seja uma opção para a vida dele. Eu
estou muito sofrido. Quando me perguntaram se eu pensei em deixar a
política, pensei centenas de vezes. Se for depender do meu estímulo, ele
não será candidato.
Quando o tema chegou a esse sentimento pessoal, o senador foi
perguntado se já tinha chorado por causa de suas pendências jurídicas:
- Eu já chorei em casa, em oração... ontem mesmo eu me emocionei
muito vendo televisão. Zeca Baleiro tem uma música que diz que ando tão à
flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar. Eu vi uma cena
de um casal brasileiro que adotou uma criança com paralisia cerebral. A
criança havia sido rejeitada pelos pais biológicos. Foi um gesto de
tanta grandeza! Eles adotaram, o que já é notável, e escolheram uma
criança com paralisia cerebral.
Ainda falando sobre sua experiência pessoal pós cassação, ele revelou uma mágoa:
- De um período muito curto para outro, eu era tratado como
governador de um Estado e logo depois eu perdi o mandato e auxiliares
muito próximos meus passaram a me negar um cumprimento. De certa forma,
você estava ali e era tratado como um leproso. Vou dar o benefício da
dúvida. Ele pode não ter me visto, mas como se fica meio traumatizado, a
sensação que tive é que ele se negou a me cumprimentar. Meu pai contava
isso porque ele também sofreu uma cassação injusta. Ele, que era
prefeito de Campina Grande e um dia depois de ser cassado, caminhando
nas imediações da Solon de Lucena, passou um mais provocativo e disse
que ele estava andando a pé e que não tinha mais carro. Meu tio comprou
um Fusca para ele e disse para ele usar para não ouvir mais piadas.
Assembleia - Cássio Cunha Lima também foi perguntado
sobre quem seria seu candidato a presidente da Assembleia Legislativa
da Paraíba. Ele respondeu que não teria tido ingerência na escolha dos
gestores do legislativo desde o tempo em que era governador.
- Eu conversava, mas nunca promovi intervenção direta. A própria Casa
encontrou um consenso. Agora, fora do governo, é que não é recomendável
opinar. Quem me pede orientação, pede da boca para fora. Pede para se
proteger. A verdade é que existe um truque na política de dizer:
Converse com fulano, que ele resolve. Mas, não é assim. A Assembleia tem
um colegiado próprio e só quem vota são os deputados. Eu não vou meter
minha colher. Acho que a postulação de Ricardo Marcelo é legítima.
Conversei com Lindolfo Pires e haveria uma convergência em torno dele.
No quadro atual, ou teremos consenso ou a disputa entre Ricardo Marcelo e
Lindolfo Pires. Acho que a melhor solução seria o consenso...
Do ParlamentoPB
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