Os primeiros movimentos dos políticos paraibanos depois das
manifestações de protestos que dominaram o país em junho último dão bem a
dimensão de como pode ser a campanha eleitoral para governador no
próximo ano.
Novamente, outra vez, como sempre, a campanha deve ser marcada por
denúncias e ataques de uns contra os outros. Agora mesmo, por exemplo, o
governador Ricardo Coutinho é atacado por causa do inquérito do Jampa
Digital e, por outro lado, o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego é
bombardeado com condenações e ações na Justiça.
Nada de novo. Desde sempre é assim. Esses são apenas fatos novos de um
cenário aparentemente novo. Imagina-se que a população condenou a
corrupção nas ruas e aí, então, busca-se logo pregar escândalos uns nos
outros.
Não que denúncias contra adversários não façam parte das campanhas
eleitorais e até que as elas não sejam necessárias para o eleitor
conhecer os candidatos mais amplamente. O senador Roberto Requião
(PMDB-PR) não é autor que se cita, mas ele tem certa razão quando diz
que quem defende campanha eleitoral de alto é nível são aqueles que têm o
rabo preso.
O problema é que, na Paraíba, sempre houve uma total inversão de
valores. Regra que, pelo jeito, deve perdurar. É a regra da supremacia
dos ataques sobre tudo. Ideias, propostas de governo, planos, projetos,
tudo isso vira apenas recheio da propaganda. O que importa mesmo são os
escândalos. As campanhas eleitorais na Paraíba estão quase sempre no
nível da lama.
Pior que essa noção de política atinge também a atuação fora das
campanhas. Tome-se um exemplo da hora. A Paraíba está ameaçada de perder
a distribuição de combustíveis através do Porto de Cabedelo. Se isso
ocorrer, haverá um impacto de pelo menos 10 centavos nos preços dos
combustíveis. Atingirá a todos os paraibanos.
Veja-se, porém, o que ocorre. Na Assembleia, apenas o deputado Trócolli
Júnior parece interessado no assunto. Os outros só falam em Jampa
Digital, um assunto já investigado pela Polícia Federal (PF) e que vai
virar ação do Supremo Tribunal Federal (STF). Pouco ou quase nada aos
deputados vão acrescentar às investigações. Mas trata-se de excelente
tema para a campanha do próximo ano.
Falta equilíbrio, no mínimo. Evidente que existe espaço para se
defender a Paraíba e se falar de escândalos, mas os poucos neurônios dos
políticos paraibanos parecem não permite fazer as duas coisas ao mesmo
tempo.
É por essa falta de equilíbrio e de compromisso com sociedade que os
políticos paraibanos focam apenas nos ataques aos adversários,
permanecem chafurdando na lama, e se esquecem de conceber um amplo
projeto de desenvolvimento para a Paraíba e de defendê-lo em Brasília.
Não dá mais para se aceitar que se faça campanha eleitoral
permanentemente na lama. É preciso que os políticos paraibanos saiam
debaixo dos poleiros. Que as denúncias e os ataques sejam feitos, mas
que se reserve bem mais tempo para a discussão dos problemas do Estado e
a forma de resolvê-los.
Inadvertidamente, talvez os políticos não estejam percebendo que, se
eles se nivelam por baixo, na lama, bastará o surgimento de um nome
novo, sem muitos comprometimentos com a sujeira reinante, para virar o
escolhido da população. É que pode acontecer. Fica o alerta.
Porto de Cabedelo
Mais uma nota sobre essa ameaça de desativação dos tanques de
armazenamento de combustíveis no Porto de Cabedelo. Observe-se como
agem os políticos da Paraíba. A bancada federal terá audiência com o
ministro das Minas e Energia e outra com o presidente da Transpetro. O
governador Ricardo Coutinho terá audiência com a presidente da
Petrobras, Graça Foster. Por que não se juntarem para mostrar força e
que todos estão unidos em defesa do Estado?
Do Tambaú 247
Por Josival Pereira
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