domingo, 4 de agosto de 2013

Análise: Políticos da Paraíba continuam chafurdando na lama

 
Os primeiros movimentos dos políticos paraibanos depois das manifestações de protestos que dominaram o país em junho último dão bem a dimensão de como pode ser a campanha eleitoral para governador no próximo ano.

Novamente, outra vez, como sempre, a campanha deve ser marcada por denúncias e ataques de uns contra os outros. Agora mesmo, por exemplo, o governador Ricardo Coutinho é atacado por causa do inquérito do Jampa Digital e, por outro lado, o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego é bombardeado com condenações e ações na Justiça.

Nada de novo. Desde sempre é assim. Esses são apenas fatos novos de um cenário aparentemente novo. Imagina-se que a população condenou a corrupção nas ruas e aí, então, busca-se logo pregar escândalos uns nos outros.

Não que denúncias contra adversários não façam parte das campanhas eleitorais e até que as elas não sejam necessárias para o eleitor conhecer os candidatos mais amplamente. O senador Roberto Requião (PMDB-PR) não é autor que se cita, mas ele tem certa razão quando diz que quem defende campanha eleitoral de alto é nível são aqueles que têm o rabo preso.

O problema é que, na Paraíba, sempre houve uma total inversão de valores. Regra que, pelo jeito, deve perdurar. É a regra da supremacia dos ataques sobre tudo. Ideias, propostas de governo, planos, projetos, tudo isso vira apenas recheio da propaganda. O que importa mesmo são os escândalos. As campanhas eleitorais na Paraíba estão quase sempre no nível da lama.

Pior que essa noção de política atinge também a atuação fora das campanhas. Tome-se um exemplo da hora. A Paraíba está ameaçada de perder a distribuição de combustíveis através do Porto de Cabedelo. Se isso ocorrer, haverá um impacto de pelo menos 10 centavos nos preços dos combustíveis. Atingirá a todos os paraibanos.

Veja-se, porém, o que ocorre. Na Assembleia, apenas o deputado Trócolli Júnior parece interessado no assunto. Os outros só falam em Jampa Digital, um assunto já investigado pela Polícia Federal (PF) e que vai virar ação do Supremo Tribunal Federal (STF).  Pouco ou quase nada aos deputados vão acrescentar às investigações. Mas trata-se de excelente tema para a campanha do próximo ano.

Falta equilíbrio, no mínimo. Evidente que existe espaço para se defender a Paraíba e se falar de escândalos, mas os poucos neurônios dos políticos paraibanos parecem não permite fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

É por essa falta de equilíbrio e de compromisso com sociedade que os políticos paraibanos focam apenas nos ataques aos adversários, permanecem chafurdando na lama, e se esquecem de conceber um amplo projeto de desenvolvimento para a Paraíba e de defendê-lo em Brasília.

Não dá mais para se aceitar que se faça campanha eleitoral permanentemente na lama. É preciso que os políticos paraibanos saiam debaixo dos poleiros. Que as denúncias e os ataques sejam feitos, mas que se reserve bem mais tempo para a discussão dos problemas do Estado e a forma de resolvê-los.

Inadvertidamente, talvez os políticos não estejam percebendo que, se eles se nivelam por baixo, na lama, bastará o surgimento de um nome novo, sem muitos comprometimentos com a sujeira reinante, para virar o escolhido da população. É que pode acontecer. Fica o alerta.

Porto de Cabedelo
Mais uma nota sobre essa ameaça de desativação dos tanques de armazenamento de combustíveis no Porto de Cabedelo.  Observe-se como agem os políticos da Paraíba. A bancada federal terá audiência com o ministro das Minas e Energia e outra com o presidente da Transpetro. O governador Ricardo Coutinho terá audiência com a presidente da Petrobras, Graça Foster.  Por que não se juntarem para mostrar força e que todos estão unidos em defesa do Estado?


Do Tambaú 247
Por Josival Pereira

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